A prece tem sido definida como o diálogo com a Divindade. Desde os tempos mais recuados, as notícias históricas nos asseveram que o homem, mesmo antes de compreender a existência de um Ser Criador, buscava aplacar as potestades com invocações e sacrifícios.
Acreditava haver algo superior a si mesmo, que se manifestava no troar dos céus em revolta, nas danças aceleradas dos ventos em rebuliço, na chuva implacável que arrasava sua morada e levava seus poucos bens, no frio que lhe dilacerava as carnes, enregelando-o.
Por isso, buscava se comunicar com tais forças, e fazia tentativas diferentes para ver o que as poderia acalmar.
Eram os rudimentos da prece, do buscar o Superior, de tentar a comunicação.
Embora, ainda nos dias atuais, muitos interpretem a oração como um simples repetir de palavras ou como fraqueza dos que não têm a quem buscar, senão o invisível, ela é arma vigorosa, que tem o poder de nos alçar a regiões de tranquilidade e paz, de lá haurindo a calma e a força de que carecemos para prosseguir nos combates diários, que a vida nos impõe.
Aqueles que se afeiçoam a uma religião, que têm fé em Deus infinitamente bom e misericordioso, utilizam a oração para rogar, pedir, suplicar.
Os que, além da misericórdia e bondade Divinas, divisam o Esteta, o Pai amoroso que tudo dispôs para os Seus filhos na face do planeta, habituam-se a orar em louvor.
Desta forma, ao sentirem o sol radioso, o firmamento em azul celeste, as nuvens em formas esbeltas e artísticas, a brisa que refresca a canícula do dia escaldante, a profusão das cores tão bem dispersas, em espetacular quadro na natureza, recordam-se de alçar o Espírito e louvar o Criador de tanta beleza e harmonia.
Quem, senão um Excelso Artista pensaria em tantas cores, em tantos sons para Seus amados?
Quem, senão um Sábio Cientista pensaria em Leis tão extraordinárias que regem a vida?
A semente que mergulha na escuridão do solo e se transforma em árvore, flor, fruto, alimento.
Duas gotículas que se encontram na intimidade da trompa de Falópio e se transformam em um novo ser, em nome do amor.
Assim, a prece em nossos lábios se transforma em um poema de gratidão, pela luz, pelo dia, pelas estrelas, pela noite enluarada, pela vida.
Baixemos o olhar e, maravilhados pelas dádivas que nos chegam a toda hora, agradeçamos a este Artista, Poeta, Criador, Pai que nos plenifica de bênçãos todos os dias.
Oração é louvor, é súplica, é gratidão. Depende de nós a utilizarmos em nossas vidas, em sua amplitude ou somente na particularidade de um aspecto.
Entendê-la e servir-se dela, com sentimento, é atitude que somente nos trará felicidades desde o hoje, mesmo ante as dores e tormentas que nos chegam como apelos dos céus para que nos afeiçoemos ao bem.
* * *
A oração pode ser comparada ao arado que trabalha laboriosamente o solo onde se pretende semear. É necessário conduzi-la bem.
A prece constroi a ponte entre o filho e o Pai. Compreendida em sua essência e bem utilizada, faculta intensa conversação entre ambos e vai muito além da simples petição do necessitado.
É o diálogo íntimo de um coração ferido a outro, infinitamente pleno de amor.
Redação do Momento Espírita.
Em 11.08.2009
Em 11.08.2009
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