LETREIROS VIVOS
André Luiz
Nas faixas mínimas da
sua experiência cotidiana surge o roteiro humano que você representa para os
outros. Os traços do semblante pintam-lhe o clima interior. Os seus objetos de
uso pessoal compõem o edifício da sua simplicidade. A ordem dos seus afazeres
indica-lhe o grau de disciplina. O cumprimento das suas obrigações denuncia-lhe
o valor da palavra empenhada. O teor da amizade dos seus vizinhos, para com a sua
pessoa, qualifica a sua capacidade de se fazer entendido. O diapasão da sua
palestra dá o tom
da sua altura íntima. A segurança da sua opinião traduz a
firmeza dos seus ideais. Os tecidos que lhe envolvem o corpo configuram-lhe o
senso de naturalidade. As iguarias da sua mesa revelham-lhe o papel do estômago
no mundo moral. A natureza do cuidado com o seu físico fala francamente de suas
possíveis relações com a vaidade. O seu presente diz, para todos, o que você
foi no passado e o que você será no porvir, com reduzidas possibilidades de
erro. A uniformidade entre o movimento das suas idéias, dos seus conceitos e
das suas ações disseca, à vista de todos, a fibra da sua vontade. Todas as
criaturas que lhe partilham a existência lêem incessantemente os letreiros
vivos que lhe estabelecem a verdadeira identidade nos panoramas da Vida,
respondendo-lhe as mensagens inarticuladas com aversão ou simpatia,
contentamento ou desagrado, conforme a sua plantação de bem ou mal. Do Livro O
Espírito da Verdade.
Psicografia de Francisco Cândido. Xavier
Colaboração: Maria Aparecida Giraldi Moro
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