MORTES VIOLENTAS E MORTES DE JOVENS
O espiritismo nos ensina que crianças, jovens, adultos e idosos
são, antes de qualquer coisa, ESPÍRITOS. A passagem pelo corpo é temporária e
transitória e será encerrada da maneira e no momento em que for mais proveitosa
ao aprendizado e crescimento do espírito.
Quando desencarna um jovem, especialmente quando está no auge de
uma carreira e ainda guarda a beleza de corpo, fãs e seguidores, costuma-se
causar grandes comoções e até há quem questione a bondade divina. Para quem tem
o conhecimento proporcionado pelo Espiritismo, não cabe este tipo de
questionamento.
Lembremos que sentimentos negativos, pessoas que praguejam
contra Deus em função de um desencarne, ou apego excessivo ao ente que partiu
pro plano espiritual são atitudes que PREJUDICAM E MUITO a harmonia de que
necessita o espírito para a tomada de consciência e reinício de seus trabalhos
sem o corpo físico.
Vamos aqui trazer alguns pontos doutrinários para serem usados
na reflexão em momentos em que a comoção beira o descontrole:
- A pergunta 162 do Livro dos Espíritos versa sobre casos de
decapitação, quando a morte do corpo físico era causada em guilhotinas.
Pergunta-se se o espírito desencarnado mantém a consciência de si mesmo. “Não
raro a conserva durante alguns minutos, até que a vida orgânica se tenha
extinguido completamente. Mas, também, quase sempre a apreensão da morte lhe
faz perder aquela consciência antes do momento do suplício.” E Kardec completa
em notas próprias: "em todos os casos de morte violenta, quando a morte
não resulta da extinção gradual das forças vitais, mais tenazes são os laços
que prendem o corpo ao perispírito e, portanto, mais lento o desprendimento
completo."
- Miramez faz observações sobre este ponto "O Espírito pode
ficar ligado ao corpo por horas, dias, meses ou anos. Depende da sua elevação.
No caso de Francisco de Assis, por exemplo, ele deixou o corpo, como se deixa
uma roupa usada e suja, com plena consciência do seu estado de vida, na sua
lucidez imperturbável. Assim aconteceu com vários outros missionários, que
vieram a Terra por misericórdia de Deus. Morrer, para eles, na linguagem
humana, é viver, não lhes preocupando a forma. Escolhem a que mais pode
consolar aos que os cercam e levá-los à fé e à confiança em Deus."
- Sobre mortes violentas, também esclarece Divaldo Franco:
"A condição espiritual de quem desencarna, depende da sua evolução, do seu
progresso, da sua compreensão da vida. Um Espírito evoluído ou, pelo menos,
esclarecido, que morre num acidente, ou é assassinado, pode ter uma primeira reação
de surpresa e até de inconformação, entretanto, poderá reagir em pouco tempo a
aceitar com naturalidade o acontecimento. Por outro lado, em Espírito atrasado,
ignorante, poderá sentir as conseqüências da violência sofrida, com a mutilação
ou trauma do perispírito, até que se descondicione da situação. Quanto ao
suicídio, o Espiritismo repele veementemente esse ato, classificando-o como
rebeldia, uma afronta às leis da vida, desobediência suprema a Deus. As
narrativas de Espíritos que se suicidaram é de grande sofrimento. Começa pela
decepção de saber que a vida continua, e que não resolveram os seus problemas
ao se matarem. Segundo eles, as seqüelas causadas acompanham o Espírito numa
nova encarnação, causando enfermidades congênitas. Devemos exaltar a vida. A
vida é aprendizado, e luta para o aperfeiçoamento e educação espiritual."
Nosso apelo aos amigos espíritas e que evitem entrar nessa
sintonia deletéria de comoção. Saudade é um sentimento legítimo decorrente de
separações (quem não sente saudade de um amigo querido que foi morar em outra
cidade ou país?). Mas há que se ter EQUILÍBRIO EMOCIONAL para compreender que a
separação é temporária. O desencarne é um momento de LIBERTAÇÃO. Lamentá-lo,
quando acontece sem a interferência direta do próprio espírito que caracteriza
o ato como o suicídio, será como um presidiário lamentar que seu colega de cela
foi posto em liberdade. Os espíritos de luz usaram essa analogia na
codificação.
Tenhamos serenidade, bom-senso e confiança na Divindade. Façamos
a caridade em atos e orações, desejando paz e crescimento a todos os seres que
seguem sua caminhada evolutiva, na carne ou fora dela.
Autor: Gabriela de Paula