"Chego ao mundo todos os dias, em busca de
refazimento e evolução. Carrego na alma chagas do passado, amortizadas pela
esperança do recomeço, esquecidas no envoltório de um novo corpo. Entretanto,
quando mais conto com a tua ajuda, para me erguer à altura da tarefa que trago,
da prova que planejei ou da missão a mim outorgada, eis que te vejo de mãos
vazias para me amparar! Quantas vezes, me deixas na companhia das ruas, me
abandonas à míngua de tudo, sem que eu tenha boca para pedir socorro, sem que
eu tenha mãos para buscar sustento, sem que eu tenha o espírito preparado para
poder vencer a mim mesmo… Quantas outras, me empanturras de fantasias malsãs,
de ambições perniciosas, criando-me em castelos de egoísmo e indiferença, em
completo menosprezo pelo solo da minha alma. Pobre ou rica, tenho sofrido a
violência determinada pela lei do mais forte:punem-me antes que eu tenha plena
consciência do que seja culpa; moldam-me à força do chinelo e da coação, como
se a educação de que necessito fosse mera domesticação… Pobre ou rica, tenho
sido explorada em minha inocência de espírito adormecido em sua maturidade, e
sou desde cedo convocada à mentira, desde cedo instigada à sensualidade sem
propósito, desde cedo acometida pelas doenças sociais de todas as camadas… E,
no entanto, caro adulto, que pensas do futuro, se não voltas teu olhar
benevolente para mim, a criança? Que mundo transformado pretendes,se não te
lanças com todo o arrojo de tua alma à minha educação? Somos tantas neste
planeta em transição! Estamos vindo em massa, em busca de uma oportunidade de
ascensão, demandando o privilégio de colaborar contigo na construção de um
amanhã mais sorridente! Peço-te, não me esqueças - pois sou teu filho, teu
aluno, teu neto; sempre teu irmão, pedindo apenas a quota de amor e paciência
de que preciso para me fazer homem de bem e companheiro do teu ideal!"
- Meimei -
Colaboração: Maria Aparecida Giraldi Moro
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