OS ÓCULOS
João de Deus.
Descuidada, a pequenita, Face rósea de romã,
Revirava, buliçosa, Os óculos da mamã. Vidro aos olhos, contemplando A região
colorida, Demonstrando-se assustada, Exclama, surpreendida: – “Oh! mamãe,‘ tudo
está negros Que enorme transformação!... Parece que toda a casa Está pintada a
carvão.” Muita aflita, retirando O vidro de cor escura, A pequenina observa
Mais tranqüila, mais segura : – “Agora, sim... Tudo claro, O armário, a mesa, o
jarrão... Que alívio, mamãe querida, Ver as coisas tais quais são!” – “Vês,
filha? – diz-lhe a mãezinha, Que buscava meditar, – Na vida, tudo depende Do
modo de analisar. Quem aplique aos próprios olhos O vidro do pessimismo,
Envolve-se em densas trevas, Projetando-se no abismo.
” Do livro “Coletâneas do Além”. Psicografia de
Francisco Cândido Xavier. Espíritos Diversos.
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