Bastar-nos-á
Quanto mais conheces, mais te
vês. E quanto mais nos vemos, com mais amplitude conseguimos enxergar os
outros. Se já alcançaste semelhantes áreas de discernimento, considera as
incompreensões das quais te reconheças objeto, através das lentes interiores
que te conferem mais alta visão espiritual. Diante de alguém que, porventura,
te fira, recorda as provas que atravessaste os empeços vencidos, as ilusões
superadas e as amarguras que já entregaste ao arquivo da memória, com a
recomendação de paz e esquecimento. Assim agindo, observarás nos companheiros
que acaso te injuriem corações doentes ou imaturos, que é preciso tolerar, a
fim de que não te emaranhes no labirinto das aflições inúteis. Perante
quaisquer ofensas, usa a misericórdia na embalagem do silêncio e atraíras a luz
para que todas as sombras sejam dissolvidas. Esse te malsina os gestos de
bondade, aquele que te empresta a autoria de faltas que desconheces, outro te
expõe a enganos de outro tempo ao desrespeito público e outro ainda te apedreja
sem razão. Por nada te queixes. Pelo metro de nossas próprias lutas de
retaguarda, ser-nos-á possível estender a compaixão sem limites sobre quaisquer
farpas que se nos lance em caminho, seguindo sempre. Não te lastimes, nem
condenes. Cala-te, abençoa e auxilia sempre para o bem de todos. Para
corrigir-nos ou reajustar-nos ante os princípios da verdade e do amor,
bastar-nos-á viver.
Meimei
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