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EM "30/03/1969"
Desencarna Sebastião Lasneau. Poeta cego, um dos criadores da Semana Espírita.
Sebastião lasneau---------------------------------Biografia Nascido em Barra de
Piraí, Estado do Rio de Janeiro, no dia 12 de novembro de 1900 e desencarnado
na mesma cidade, no dia 30 de março de 1969. Sebastião Lasneau era poeta,
repentista e trocadilhista, fazia versos de improviso e qualquer motivo lhe
sugeria um tema. As “Semanas Espíritas” de várias cidades dos Estados do Rio de
Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e outros, não estavam
completas sem a sua presença. Dava expansão à rima e ao ritmo, registrando
sempre a presença dos confrades espíritas em quadrinhas que recitava com muita
verve. Seus pais foram Evilásio Antônio Lasneau e Etelvina Santos Lasneau.
Iniciou sua vida profissional trabalhando em algumas empresas existentes nas
cidades de Paracambi e Mendes (Estado do Rio de Janeiro), passando
posteriormente a trabalhar na Estrada de Ferro Central do Brasil, onde
permaneceu durante cerca de vinte anos, aposentando-se por invalidez. Nessa
ocasião exercia às funções de cabineiro na Estação de Sant Ana da Barra.
Lasneau casou-se em primeiras núpcias com Augusta Dias Lasneau e com ela
conviveu durante cerca de sete anos, quando inesperadamente ficou viúvo, com
dois filhos em tenra idade. Algum tempo depois, casou-se, em segundas núpcias,
com Olívia Lasneau, que se tornou mãe carinhosa para seus filhos e esposa
dedicada durante trinta e seis anos. Nenhum de seus biógrafos registrou o
motivo pelo qual ele se tornou adepto do Espiritismo. Consta que, em 1944,
ingressou no quadro social do Grêmio Espírita de Beneficência de Barra do
Piraí, a cuja instituição dedicou a maior parte de sua vida. Foi eleito seu
presidente na gestão de 1954, e vice-presidente em 1955, tendo cedido à causa
espírita, todo o tempo que tinha disponível. Passou por uma expiação
dificílima: atacado de glaucoma, perdeu completamente a visão. Era diabético e
sofria horrivelmente do fígado. Teve polinevrite com dores lancinantes causadas
pelo glaucoma. Acometido de todas essas enfermidades, jamais lamentava-se,
rogando sempre a Deus para que lhe concedesse forças para lutar por um mundo
melhor. Lançou mãos de todos os recursos que a Medicina da época lhe facultava,
sem qualquer resultado positivo. Por fim, a conselho de amigos, foi a Caratinga
(Minas Gerais), e, na Fazenda Eureka, de propriedade de confrades, submeteu-se
a uma intervenção mediúnica, realizada por Espíritos materializados. Não
conseguiu recuperar a visão, porém desapareceram todas as dores que sofria no
globo ocular. Além de poeta, foi excelente expositor de temas doutrinários do
Espiritismo, tendo realizado apreciável tarefa no campo da divulgação
doutrinária. Proferiu grande número de palestras em instituições espíritas do
Estado do Rio de Janeiro. Aproveitava sempre o trajeto de suas viagens para
elaborar quadrinhas primorosas, com temas evangélicos e doutrinários, a fim de
brindar o público ouvinte. Teve sempre a melhor boa vontade para com os novos
poetas, a todos ensinando, corrigindo e incentivando. Escreveu o jornalista Dr.
Agnelo Morato, da cidade de Franca (SP), numa crônica estampada no jornal “A
Nova Era”: “Foi extraordinário animador do movimento moço nas fileiras
espíritas e seus versos representavam incontido estímulo e incentivo ao bom
ânimo de todos os sofredores. Conhecia a matemática do tempo; na sua marcha
milenar, vai pondo os dias sobre os dias, anos sobre anos, vida sobre vida, na
sua eterna conta de somar. Todo ele se expande em ritmos e sonoridade,
revelando fé raciocinada, consolações que obteve ao abeberar-se na fonte de
sabedoria espírita, um dos nossos melhores poetas e prosadores”. Com enorme
dificuldade, conseguiu alguns livros de sua autoria, os quais tiveram os
seguintes títulos: “Pôr do Sol“, “Versos para Eva Musa“, “Versos para a
Mocidade“, “Poemas de Barra do Piraí“, “Espiritismo em Três-Rios“,
“Cancioneiros da Fraternidade”, “Almas que Cantam” e “Quadras a Completar“.
Deixou ainda alguns livros inéditos, intitulados: “Roseiral de Luz“, “Eterna
Canção“, “Poemas da Origens”, “Amizade Inter-Planos” e mais um sem-número de
trabalhos, os quais, se colecionados, formariam outros tantos livros. Sebastião
Lasneau dedicou-se também no jornalismo. Foi redator de vários jornais,
inclusive do “Jornal do Povo“, de Barra do Piraí. Escrevia crônicas e poesias,
conforme se pode ver nas edições do jornal, referente ao ano de 1941. Musicou
alguns de seus versos e fez várias paródias espiritualizadas de músicas famosa
da época, as quais eram muito cantadas nos movimentos de mocidade. Foi autor do
“Hino do Cinqüentenário de Barra do Pirai”. Foi patrono do Ginásio Estadual
“São José”. Recebeu o título de cidadão Guaraniense, na cidade de Guarani
(Minas Gerais). Foi juiz de vários concursos de poesias, inclusive da 1ª CONJEB
(I Confraternização de Mocidades Espíritas do Brasil), realizadas em Marília (
Estado de S. Paulo), certame levado a efeito no ano de 1965. Após a sua
desencarnação, como homenagem póstuma, foi eleito Patrono do “Circulo dos
Missivistas Amigos”, um movimento fraterno que promove a correspondência entre
pessoas livres e encarceradas, em todo o Brasil. Participou também de vários
concursos, em jogos florais, realizados na cidade de Taubaté ( SP), Nova
Friburgo (RJ) e outras cidades, ganhando inúmeros certificados. Sebastião
Lasneau foi, portanto, um dos grandes vultos espíritas, cuja obra teve por
cenário numerosas cidades do Estado do Rio de Janeiro e de outros Estados da
região Centro-Sul do Brasil, fazendo-o através de uma participação efetiva e
constante, em todas as grandes realizações que eram efetuadas em prol da
divulgação da Doutrina dos Espíritos, tornando-se, por isso, uma personalidade
querida e requisitada por todos.
(Fonte: LUCENA, Antônio de Souza e GODOY, Paulo Alves.
Personagens do Espiritismo. Edições FEESP, 1982. 1ª edição, SP.)
(Colaborador: Isabel Ferreira Barros )