A MENSAGEM DA
COMPAIXÃO
Dentro da noite
clara, a assembléia familiar em casa de Pedro centralizara-se no exame das
dificuldades no trato com as pessoas. Como estender os valores da Boa Nova?
Como instalar o mesmo dom e a mesma bênção em mentalidades diversas entre si?
Findo o longo debate fraternal, em que Jesus se mantivera em pesado silêncio,
João perguntou- lhe, preocupado: — Senhor, que fazer diante da calúnia que nos
dilacera o coração? — Tem piedade do caluniador e trabalha no bem de todos —
respondeu o Celeste Mentor, sorrindo —, porque o amor desfaz as trevas do mal e
o serviço destrói a idéia desrespeitosa. — Mestre — ajuntou Tiago, filho de
Zebedeu —, e como agir perante aquele que nos ataca, brutalmente? — Um homem
que se conduz pela violência — acentuou o Cristo, bondoso —, deve estar louco
ou envenenado. Auxiliemo-lo a refazer-se. — Senhor — aduziu Judas, mostrando os
olhos esfogueados —, e quando o homem que nos ofende se reveste de autoridade
respeitável, qual seja a dum príncipe ou dum sacerdote, com todas as aparências
do ordenador consciente e normal? — A serpente pode ocultar-se num ramo de
flores e há vermes que se habituam nos frutos de bela apresentação. O homem de elevada
categoria que se revele violento e cruel é enfermo, ainda assim. Compadece-te
dele, porque dorme num pesadelo de escuras ilusões, do qual será constrangido a
despertar, um dia. Ampara-o como puderes e marcha em teu caminho, agindo na
felicidade comum. — Mestre, e quando a nossa casa é atormentada por um crime?
Como procederei diante daquele que me atraiçoa a confiança, que me desonra o
nome ou me ensangüenta o lar? — Apiada-te do delinqüente de qualquer classe —
elucidou Jesus — e não desejes violar a Lei que o próximo desrespeitou, porque
o perseguidor e o criminoso de todas as situações carrega consigo abrasadora
fogueira. Uma falta não resgata outra falta e o sangue não lava sangue. Perdoa
e ajuda. O tempo está encarregado de retribuir a cada criatura, de acordo com o
seu esforço. — Mestre — atalhou Bartolomeu —, que fazer do juiz que nos condena
com parcialidade? — Tem compaixão dele e continua cooperando no bem de todos os
que te cercam. Há sempre um juiz mais alto, analisando aqueles que censuram ou
amaldiçoam e, além de um horizonte, outros horizontes se desdobram, mais
dilatados e luminosos. — Senhor — indagou Tadeu —, como proceder diante da
mulher que amamos, quando se entrega às quedas morais? — Jesus fitou-o com
brandura, e inquiriu, por sua vez: — Os sofrimentos íntimos que a dilaceram,
dia e noite, não constituirão, por si só, aflitiva punição? * Fez-se balsâmico
silêncio no círculo doméstico e, logo ao perceber que os aprendizes haviam
cessado as interrogações, o Senhor concluiu: — Se pretendemos banir os males do
mundo, cultivemos o amor que se compadece no serviço que constrói para a
felicidade de todos. Ninguém se engane. As horas são inflexíveis instrumentos
da Lei que distribui a cada um, segundo as suas obras. Ninguém procure sanar um
crime, praticando outros crimes, porque o tempo tudo transforma na Terra,
operando com as labaredas do sofrimento ou com o gelo da morte.
(Fonte: Neio Lúcio Do
Livro Jesus no Lar - Francisco C. Xavier)
(Colaborador: Fabiana
Nunes)
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